O CRP-20 torna público os (as) vencedores (as) do I Prêmio Literário Waldir dos Santos Costa
O CRP-20 deu início no ano de 2015 ao I Prêmio Literário Waldir dos Santos Costa. A categoria escolhida dentro do Prêmio Literário foi Poesia, e o tema a ser tratado nas obras concorrentes deveria abordar a Violência. O referido concurso integrou uma das atividades do CRP-20, em comemoração ao Dia do (a) Psicólogo (a), e sua criação teve como um dos principais objetivos, a partir da produção de textos literários, fomentar a participação da categoria na construção de valores humanistas que integram processos formativos nas diversas práticas em Psicologia.
O Psicólogo e Professor amazonense Waldir dos Santos Costa foi o escolhido pelo II Plenário do CRP-20 para dar nome ao prêmio, por ser ele um reconhecido representante da categoria, conselheiro do CRP-20, docente emérito da UFAM, comprometido parceiro de tantas lutas em prol da formação social de profissionais da Psicologia na Região Norte. Essa escolha ratificou no âmbito das atividades do CRP-20 aquilo que o professor Waldir dos Santos Costa representa para essa e outras instituições públicas locais, estimulando sempre o exercício democrático da profissão, e valorizando as diferentes atuações em Psicologia, sem nunca perder de vista a preservação de valores de cidadania no ensino e na prática psicológica.
A Professora Iolete Ribeiro da Silva, a homenageada do primeiro concurso de Poesias do CRP-20 é Doutora em Psicologia pela UNB. Profissional de reconhecida competência profissional, científica e acadêmica, possui relevantes serviços prestados à Psicologia no Amazonas e no Brasil. Foi Coordenadora da Seção Amazonas, e Presidente do I Plenário do Conselho Regional de Psicologia da 20ª Região, tendo conduzido juntamente com um grupo de Psicólogos o desmembramento da Seção Amazonas, e posterior criação do CRP-20, o que se constituiu em feito histórico para a categoria. Atualmente é Professora Associada I, e Diretora da Faculdade de Psicologia da UFAM. Foi Secretária Adjunta do Fórum Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (2008/2009, 2012), Integrante do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (2012/2013), Conselheira Titular do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente (2011/2012), Conselheira do Conselho Nacional de Assistência Social (2010-2011), integrante da Coordenação Política do Fórum Nacional de Assistência Social (2010-2011) e Secretária da Região Norte no Conselho Federal de Psicologia (2005-2010).
Participaram como julgadores (avaliadores) das obras:
Professor Alisson Leão: Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Amazonas (2000) e mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela mesma instituição (2002). É doutor em Letras: Estudos Literários - Literatura Comparada, pela Universidade Federal de Minas Gerais (2008). É professor de Literatura Brasileira e Teoria da Literatura na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e professor do Programa de Pós-graduação em Letras e Artes da UEA. Coordena o projeto "Bases para constituição de arquivo lítero-visual da Universidade do Estado do Amazonas" (PPP-FAPEAM), que visa à criação de um centro de documentação artística e cultural na UEA. Co-lidera, com a Profa. Dra. Luciane Páscoa, o Grupo de Pesquisas em Memória Artística e Cultural do Amazonas (MemoCult). Interesses de pesquisa: temas do comparatismo (alteridade, centro e margens, regionalismo), literatura amazônica e arquivos literários da Amazônia.
Professor Pontes Filho: Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Amazonas. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Amazonas. Mestre em Direito Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas-UEA. Professor, exerce o magistério desde 1996. É pesquisador de história da Amazônia, sobre a qual tem livros publicados, e Delegado de Polícia do Estado do Amazonas. Publicou obra acerca da atuação da Polícia Judiciária estadual. Atuou como coordenador de curso de graduação em Direito. Escreve frequentemente artigos para jornais e revistas.
Professor Almir Carlos Barros: Atualmente trabalha como Coordenador da Escola Superior de Advocacia do Amazonas (ESA/AM), mas por quase 10 anos (em três oportunidades) foi diretor da escola Estadual Solon de Lucena e fez parte do quadro de professores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Como um amante da literatura, Almir Carlos agora envereda para mais um desafio: lançar seu primeiro livro literário “Manaus que vi e vivi”. Segundo ele, a obra está pronta e conta com mais de 100 contos verídicos onde ele relembra a história de Manaus e faz relação com a sua história de vida e suas experiências como um típico manauense. Almir também é autor da obra “Drogas: Você escolhe o Caminho”, de 2011.
A Comissão Julgadora baseou seu julgamento em critérios que considerassem a qualidade literária das obras concorrentes, sendo eles:
a) criatividade;
b) originalidade;
c) clareza textual;
d) estilo literário;
e) estimulo à reflexão.
Assim, as obras vencedoras estão listadas abaixo, assim como o nome dos participantes, juntamente com o Pseudônimo escolhido.
1º Lugar: Poesia “Senil Violência”
Psicólogo: Davi Araújo da Cunha
Pseudônimo: Iniciante em tudo
“Senil Violência”
Um olhar carregado de vazio
A pressa no falar como forma de não continuar só.
As marcas do tempo marcado mais a alma do que o corpo.
Um brilho nos olhos que teimam em fugir.
A fadiga do tempo que não passa não se acaba,
A busca por preocupações e personagens que só existem em suas próprias mentes,
As lágrimas que nem treze idiomas podem conter,
As amarras nos objetos que denotam que não suportam mais perder
A experiência, misturada com teimosias e algias.
A indignação em ficar onde está, a missão cumprida sem recompensa...
A dureza da vida como único fator, inexorável,
As intrigas entre idades que forçam o retorno á infância.
O andar trôpego em chão cinzento de um corretor experiente,
A rapidez dos mais jovens contrastando com o encostar cansado num corrimão verde.
O embalar suave de uma vida de pouca suavidade.
As várias ciências lutando contra a ‘razão da própria existência’
A estagnação e a dor que diminuem um pouco com os cuidados prestados,
Um sorriso, um alimento, um músculo que se mexe, uma manicure, um remédio...
Lenitivos, placebos, que funcionam por um indômito tempo.
Nada, entretanto, que substitua a visita esparsa ainda que seja de familiar geralmente apresado
Violenta ausência! Violenta presença! Quem responsabilizar?
A solidão como companheira... Destino único por falta de reflexão... Descaso mesmo...
Em fim, a realidade diante de nossos olhos... e, se nada for feito ,
Muitos de hoje dentro dessa mesma realidade!
2º Lugar: Poesia “O Diário de um soldado”
Psicólogo: Washington Napoleão Eufrázio
Pseudônimo: Gregório Cruz
“O diário de um soldado”
Hoje não vi o sol se pôr , mas contemplei sua claridade .
Hoje os gritos se cruzam como um acorde musical.
Não era São Pedro , Santo Antônio ou São João,
Mas havia bombardeios no céu, que já não era tão azul.
Todos se protegem…divididos entre medo e a coragem.
O medo do que vem dos ares, dos mares, da terra.
Ouço gritos entre granadas feias de soldados.
Que sonha em voltar para a sua casa
Conversar com os amigos
Abraçar sua mãe.
Beijar sua esposa.
Em acalentar seu filho com as musicas da sua infância
Hoje percebi uma mulher no meio da força- adversária
Procurava seu filho no meio desse circo- inferno – dogmático
Jorravam gotas de sangue do sei corpo estralhaçado - maltrapilho .
Suas lagrimas se misturavam com sangue do seu filho.
Também ouvi comandos e canhões direcionados para o céu.
A noite sofria e suas estrelas duelavam com os clarões das bombas.
Bombas de várias cores, azul, verde e sangue.
De várias formas, quadrada, redonda e paralelogranada.
Hoje observei uma estrela cadente... Um milagre.
Ás 6 da manha reforços eram chamados para combater
Talvez mais uma esquadrilha da esperança e paz.
Amanha termina,
A tarde termina
E a noite termina
Mas esse inferno nunca termina.
A pagina está acabando
O general das ilusões me chama.
Uma sirene toca igual a da capela da minha infância.
Talvez nem volte para o alojamento, já perdi vários amigos.
Agora choro, por que eu não queria estar aqui.
Acho que parei de sonhar.
Mas ainda não perdi a esperança.
3º Lugar: Poesia “Violência: pai – mãe abandono”
Psicóloga Guiomar Alegria Souza Silva Nobre
Pseudônimo: Amante Poética
“Violência: Pai – mãe abandono”
Indesejado
Pedra nômade.
Madeira verde.
Remanescente
Mal- educado.
Fatalidade
Da excitação
Aclamado algoz
Alma turva.
Representação
Do bem e do mal.
Inculpável sim.
Inocente sim.
Inocente não.
És torturado
Pobre ancião.
Sigilo latente
Rotulado alfim
Isso não é gente!
Rosna ilógico.
Trituras rudes
Pessoas fraternas
E além- tumulo
São teus verdugos
Dominando sim
Ensaios de amor.
É a violência!
Pai – mãe abandono
Qual teu destino?
A paz? Tormento?
Já era amizade
Conflitos tais
Imperam em ti
Trevas segredam
Malditos pactos
Herança eterna
Acorda agora!
As flutuações
Estas imergem
Inconscientes.
Quer extermínio
Sangue correndo.
Rio de ódio
Ondas enormes
De enormes
De desamparo.
Pedes a morte!
De entes queridos
E Genitores
Desconhecidos.
Assim tu vives
Alma inútil,
Só coxeando
Deficiente.
Destituído.
Guri cínico
Tua mãe amada
Foi nuvem negra
O pai remisso
Pedra pontuda.
Tu Diamante.
Esconde afeto
Dentro do peito.
Amas tentando
E do teu jeito
A violência
Cruelmente já
Disse a sentença
Viver negado
Em liberdade!
Coração chama
É viver ou morrer
Sob a projeção
Defesa perfeita.
Estenda o manto
De sincero amor
Sobre tal filho.
Anulada seja
A culpa dele
Emblema cruel
De abandono.
Traga bondade
Amor ao homem.
Homem mas guri
Quer amar mesmo
Sem saber o que
Quando ama tenta
A si - controlar
Nos conteúdos
Inconscientes.
Pedindo colo.
Enfim é só em si.
O CRP-20 agradece a participação de todos (as), parabeniza os vencedores, e aproveita para continuar incentivando a produção literária de nossos profissionais.